24 abril 2005

realidade

realidade

As novas tecnologias reformulam a noção de corpo, matéria, espaço e tempo. No ciberespaço, espaço não-linear,podemos criar identidades, eliminando conceitos tão primários como o de género, por exemplo (nos chats, cada um pode construir-se, adoptando o tipo de personalidade que desejar, o sexo que preferir, ou seja, inventando a sua identidade). Assim, a definição do corpo é desnecessária, importando apenas a identidade criada através da máquina (no caso o computador pessoal ligado ao super-computador que o conecta aos outros através das hiper-redes). O corpo e a máquina integram-se em simbiose no espaço virtual. Até que ponto é que o ser que conhecemos no chat é "real"? Coloco-me a pergunta sobre a identidade de um corpo ligado a uma máquina hospitalar. Retirados os tubos, os ventiladores, soros, alimentação artificial que se interlaçam, frios, unidos ao computador, o ser humano morre. Nessa simbiose corpo/máquina onde está a identidade? Onde está a consciência, a vida? No corpo ou na máquina? A minha resposta é que essa vida não está em nenhum dos dois elementos, porque a transcende. A identidade do ser humano reside nessa transcendência limitada pelo corpo; quando este entra num estado de vida apenas suportado pelas novas tecnologias, essa transcendência (uns chamam-lhe alma, outros espírito ou consciência) mostra-se em pequenos vislumbres manifestados por um esgar da boca, um leve apertar dos dedos, uma lágrima que corre dos olhos. Mas na maior parte do tempo, essa identidade não está ali, encontra-se num outro espaço, num espaço virtual que não se deixa controlar por nenhuma máquina. Num espaço de liberdade e de felicidade. De luz.