15 julho 2005

cinema e magia

cinema e magia


O cinema é o lugar da magia por excelência.

Como diz Paul Ricouer «l’inconscient est hors le temps; l’inconscient ignore la contradiction; l’inconscient suit le principe de plaisir et non le principe de réalité», e por essa razão, porque o inconsciente segue a procura dos desejos é que encontra no cinema o universo onde mais harmoniosamente se pode desenvolver.
O cinema é um lugar onde realidade e sonho se entrelaçam como em mais nenhum outro espaço real fora da paixão. A magia não encontra terreno mais fértil em nenhum outro meio narrativo senão no cinema onde as imagens aliadas à música criam as estruturas essenciais para que o tempo e o espaço se fundam no sonho.Uma boa criação de magia é o filme de Tim Burton “Nightmare Before Christmas”, o que me leva a esperar com expectativa o próximo filme de Tim Burton The Corpse Bride. Porque a magia não tem essência e seria contrariar as emoções humanas tentar desmontar os seus mecanismos, decompondo-os nas estruturas mais básicas das necessidades primárias dos afectos e desejos, calo-me perante a magia da letra da música da cena final de “O estranho Mundo de Jack”:
My dearest friend, if you don't mind
I'd like to join you by your side
Where we can gaze into the stars

And sit together, now and forever
For it is plain as anyone can see
We're simply meant to be…

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gostei imenso deste post, sobretudo quando referiu a palavra "magia" a primeira coisa que pensei foi em Tim Burton, simplesmente porque o considero um génio, apesar de muito característico, escuro e sombrio.
Contudo acho que essa criação de magia não passa por Tim Burton mas sim nas pessoas que apreciam as suas obras. Daí o conceito de magia ser tão diverso e universal e ao mesmo tempo tão redutor.
Apesar de apreciar os seus filmes, tenho andado um bocado distante das suas últimas novidades.
Em suma, um belo texto e boas sugestões!

Aproveito para agradecer pelo link que disponibilizou para o meu blog que muito me honra :) Os meus cumprimentos e continuação de boas escritas.

André Carita

4:44 da manhã  
Blogger Sérgio A. Correia said...

Absolutamente de acordo! O David Mamet, num dos seus livros sobre cinema, recomenda que se leia com muita atenção "A Interpretação dos Sonhos" de Freud--uma obra muito citada mas muito pouco lida. Aquilo é puro cinema, diz ele. Aquilo é um "nincho" de plots, uma espécie de gramática da narrativa fantástica, digo eu, com toda a humildade.

6:02 da manhã  
Blogger Anastácio Neto said...

O Cinema necessita cada vez mais de magia. Burton é um dos magos mais criativos ao serviço de Hollywood. Bom texto e link.
bjs...

2:23 da tarde  
Blogger ISABEL Mar said...

Agradeço os simpáticos comentários que tiveram a gentileza de deixar.
André: parece que temos a mesma noção de magia, concordo quando refere que a criação de magia passa pelo espectador, aliás por isso existe uma Estética da Recepção que coloca o espectador na centro da obra. É a "morte do autor", de Roland Barthes :) A universalidade da magia está ligada aos símbolos e arquétipos, a conceitos universais inconscientes e, daí a importância da obra de Freud "A Interpretação dos Sonhos", como muito bem salientou Sérgio A. Correia. Eu diria mesmo que a considero fundamental para quem pretende compreender um pouco das estrututras humanas dos afectos. E quando falamos de cinema, como de qualquer outra arte, entramos na área afectiva, não é?
Anastácio, infelizmente não é só o cinema que precisa de magia, na minha opinião é todo o mundo que necessita de um pouco de magia e se sonho. Diz o poeta que "o sonho comanda a vida", mas "eles" não sabem e infelizmente "eles" são os poderosos governantes das sociedades actuais.

7:22 da tarde  
Blogger Francisco Mendes said...

Após inicialmente ficar pasmado pelas normas das bizarras personagens, rapidamente fui envolvido pelo seu encantamento. A história casa na perfeição com a animação e a música e desta forma as personagens ganham vida própria. O assustador gera momentos sadios e tal como em “The Adam’s Family” o ambiente “freak”, sinistro e sombrio também representa amor incondicional.

Fiquei para sempre sob o feitiço desta Obra-Prima, apaixonado pela melifluidade que jorra do filme.

Este filme é tão esmagadoramente aprimorado, que deve ser revisitado inúmeras vezes. Como primeiro visionamento devemos absorver a história, nos restantes visionamentos devemos observar e apreender todos os pormenores, escalpelizando todos os cantos do ecrã e arrecadando várias surpresas visuais presentes em ossos, roupas, crânios e adornos da cidade.

Cumprimentos

3:46 da tarde  

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