30 maio 2005

Asas do Desejo

Asas do Desejo

“Quando a criança era criança, não sabia que era criança; tudo era cheio de vida e a vida era uma só! Quando a criança era criança, não tinha opinião, não tinha hábitos; sentava-se de pernas cruzadas, e saía a correr...”
Os anjos e as crianças são personagens sem biografia. Damiel e Cassiel, os anjos principais de Asas do Desejo observam a Humanidade com a curiosidade própria de uma criança e a leveza própria de quem não tem um corpo físico.
Há muito que não pensava neste filme. Foi no sábado, quando alguém me perguntou alguns dos meus filmes favoritos. São vários. Mas tive que escolher. Colocada contra a parede, assim de repente, ainda por cima vindo a pergunta de quem veio, tive que decidir. Mencionei apenas dois: “Asas do Desejo” de Wim Wenders e “Breaking the Waves” de Lars von Triers. O que terão em comum? Porquê? Inevitável a pergunta. Em ambos, desde logo, no tema há a existência de algo maior que o Homem. Há ainda a profundidade complexa de cada um: a problemática social da opressão, a decadência das ideologias, a fé. E o amor. O amor, só por si, é já algo maior do que o Homem. Sinal de que o infinito pode caber dentro da finitude humana?!

Será que os homens percebem a sua própria magnitude ontológica?

Asas do Desejo, de Wim Wenders Posted by Hello

29 maio 2005

corpos sem órgãos

corpos sem órgãos

Posted by Hello
Excertos do texto de Carlos Camargos Mendonça Subjectividade e tecnologia: as novas máquinas produtoras de corpos: "Este artigo pretende refletir acerca da ampliação do entrelaçamento entre o humano e a máquina...: (no domínio do cinema e das experimentações artísticas), entregue ao jogo das aparências e da simulação das identidades nos chats e salas de conversação, conectado a próteses artificiais… As tecnologias não inauguram simplesmente um corpo imaginário, desejado, elas nos proporcionam um corpo até então não imaginado: o cibercorpo... Paul Virilio dedica um capítulo de seu livro A Arte do Motor à discussão da relação entre os novos dispositivos tecnológicos e o corpo físico natural... A título de ilustração sobre os perceptos e afetos mutantes, desencadeados pelas hibridações entre os corpos e as máquinas, podemos nos lembrar do filme Matrix. Nessa obra, a vida é uma ilusão produzida por dispositivos tecnológicos operados por um grupo de inteligências artificiais que se rebelou contra os humanos. (...) Identificamos aí um tipo de Corpo sem Órgãos (CsO). Deleuze e Guattari definem o Corpo sem Órgãos - CsO, do seguinte modo: Um CsO é feito de tal maneira que ele só pode ser ocupado, povoado por intensidades. Somente as intensidades passam e circulam. Mas o CsO não é uma cena, um lugar, nem mesmo um suporte onde aconteceria algo. (DELEUZE e GUATTARI.1996:13) ...Quando em um chat fóruns on line que funcionam em tempo real, o sujeito muda seus componentes identitários, ele produz um corpo ilusório, não somente para si mesmo, mas para estabelecer um contato com o outro. A própria atitude, seja ela produzida no ciberespaço ou sobre o corpo físico, não é o sintoma de uma subjetividade narcísica e solipsista, mas, paradoxalmente, signo de um narcisismo…”

27 maio 2005

Respirar

Respirar

Posted by Hello
Respirar (debaixo d’água) é um projecto que demorou cerca de dois anos a concretizar. Sem ser um filme sobre Coimbra, trata-se todavia de uma história influenciada pela vida industrializada desta cidade. Em Respirar… não há estudantes de capa e batina, mas alunos que fazem charros na aula de português e fazem gazeta para dar um mergulho no Mondego. Os actores são quase todos oriundos desta cidade, tendo sido a primeira experiência cinematográfica para todos, excepto para o protagonista Alexandre Pinto, já conhecido pelo seu desempenho em "Mutantes".
Em Respirar, o corpo é um pretexto para falar dos problemas inerentes a uma faixa etária inserida numa cidade que não lhes oferece projectos ou esperanças. Quando a Primavera começa e o calor seco de Coimbra apela para o desfrute, começam as primeiras paixões. Entre estudar Os Lusíadas e mergulhar nas águas do Mondego, a escolha não é difícil, especialmente num mundo português onde as perspectivas não se vislumbram boas. Os corpos jovens que dão sinais de uma sexualidade a despontar, corpos puros e frescos contrastam com uma velha cidade, poluída, suja e abafada. O mito estudantil de uma Coimbra com mais encanto é em Respirar (debaixo d’água) desconstruído pela realidade crua da cidade industrial onde a mão-de-obra é aproveitada e sugada até ao tutano dos ossos, roubando ao corpo jovem as ilusões. Pedro é capaz de Respirar debaixo de água, mas medindo forças com a realidade urbana, xenófoba e sectária, completametne indiferente às suas expectativas, sucumbe.
Data de estreia em Portugal: 15/12/2000
Distribuidora: Atalanta Filmes
Produtora: Zed Films
Género: Curta-Metragem
Duração: 45 minutos

Realização: António Ferreira
Prod

05 maio 2005

foto de Paulo Freitas Posted by Hello
veja sobre o projecto ACause aqui