28 julho 2005

Abre los Ojos

Abre los Ojos


Abre los Ojos, realizado e escrito em 1998 por Alejandro Amenábar, chileno radicado em Espanha, obriga à reflexão sobre:
- Realidade
- A vida, a morte e o sonho
- A manipulação da mente
- A consciência
- A dúvida de Descartes (sucintamente transcrita no texto sobre o corpo -abaixo)

corpo real / virtual

corpo real / virtual


Descartes coloca a seguinte dúvida:

Se imaginamos em sonhos que temos outro corpo e vemos outros astros e outra terra, então como podemos saber que os pensamentos que temos durante os sonhos são mais falsos que os outros, se frequentemente não são menos vivos nem menos precisos?

Por muito que estudem os melhores sábios, não creio que possam encontrar razões suficientes para desvanecer esta dúvida sem partir do pressuposto da existência de Deus.

25 julho 2005

agradecimento

agradecimento

Tenho tido comentários tão bonitos e encorajadores, que não posso deixar de agradecer. Por isso, quero agradecer o carinho virtual de todos os que inspiram o meu trabalho como
Anastácio Neto, do Vício da Arte, André Carita, da Lógica Irracionalista Expressiva e Sérgio Correia, do Imprevisto. Agradecimento muito especial a Rogério Santos d'As Indústrias Culturais pelo post que fala do meu humilde blog. Já agora, um agradecimento muito especial ao meu orientador, Dr. Daniel Martí. Sem a sua insistência, penso que nunca teria iniciado este blog. Isto começa a parecer-se com os agradecimentos dos Óscares; só falta agradecer ao meu pai, mãe... vou terminar antes que comece a descambar...

15 julho 2005

cinema e magia

cinema e magia


O cinema é o lugar da magia por excelência.

Como diz Paul Ricouer «l’inconscient est hors le temps; l’inconscient ignore la contradiction; l’inconscient suit le principe de plaisir et non le principe de réalité», e por essa razão, porque o inconsciente segue a procura dos desejos é que encontra no cinema o universo onde mais harmoniosamente se pode desenvolver.
O cinema é um lugar onde realidade e sonho se entrelaçam como em mais nenhum outro espaço real fora da paixão. A magia não encontra terreno mais fértil em nenhum outro meio narrativo senão no cinema onde as imagens aliadas à música criam as estruturas essenciais para que o tempo e o espaço se fundam no sonho.Uma boa criação de magia é o filme de Tim Burton “Nightmare Before Christmas”, o que me leva a esperar com expectativa o próximo filme de Tim Burton The Corpse Bride. Porque a magia não tem essência e seria contrariar as emoções humanas tentar desmontar os seus mecanismos, decompondo-os nas estruturas mais básicas das necessidades primárias dos afectos e desejos, calo-me perante a magia da letra da música da cena final de “O estranho Mundo de Jack”:
My dearest friend, if you don't mind
I'd like to join you by your side
Where we can gaze into the stars

And sit together, now and forever
For it is plain as anyone can see
We're simply meant to be…

14 julho 2005

a evidência obscura

a evidência obscura

“El arte del cine, la industria de las películas no son más que partes emergidas de nuestra conciencia de un fenómeno que debemos captar en su plenitud. Pero la parte sumergida, esa evidencia oscura, se confunde com nuestra propia sustancia humana, que es también evidente y oscura, como el latido de nuestro corazón, las pasiones de nuestra alma. … Una menbrana separa al homo cinematographicus del homo sapiens, al igual que separa nuestra vida de nuestra conciencia.”

MORIN, Edgar, El cine o el hombre imaginario

13 julho 2005

fotografia e cinema

fotografia e cinema

Apesar de imóvel, a fotografia não é algo de morto. Por isso, a fotografia nos fascina, pela sua vida intrínseca queremos olhá-la e detemo-nos em pormenores que são evidência de vida e da sua realidade tão palpável na materialidade do papel. Por outro lado, no cinema, a vida não reside nos detalhes, mas na construção dos personagens, na complexidade da intriga. "La pasión amorosa carga la fotografía de una presencia casi mística. El cambio de fotos se introduce en el ritual de los amantes que se han unido corporal o, al menos, espiritualmente." (EDGAR MORIN)
No cinema, fotografia em movimento, as imagens são tão irreais e mágicas como as de um sonho. Não é por acaso que descrevemos um sonho como um filme, que descrevemos um sonho através de "imagens cinematográficas". "El tiempo se dilate, se reduce, se invirte... El filme encuentra la imagen soñada y obsesionante del mundo secreto al que nos retiramos tanto en la vigilia como en el sueño, de esta vida más grande que la vida en la que duermen los crímenes y los heroísmos que no realizamos nunca, en la que se ahogan nuestras decepciones y germinan nuestros más locos deseos." MORIN, Edgar, El Cine o El Hombre Imaginario

06 julho 2005

Andy Warhol: "Marilyn" (1967) Posted by Picasa
"Enquanto infra-língua o corpo está em comunicação com o mundo: não seria necessário encará-lo sob o modelo de uma língua com a sua gramática e o seu léxico? Falar-se-ia então das unidades gestuais (os gestemas segundo a terminologia de certos autores) comparáveis aos «fonemas»."
GIL José, Metamorfoses do Corpo, 1980

05 julho 2005

consumismo

consumismo

O consumo está em todo o lado na nossa sociedade, mesmo quando o negamos.
"A quotidianidade constitui a dissociação de uma praxis total numa esfera transcendente, autónoma e abstracta (do político, do social e cultural) e na esfera imanente, fechada e abstracta do privado. (BAUDRILLARD)
O consumidor vive no mundo da manipulação usufruindo dos conteúdos que a sociedade tem para "vender/oferecer" de forma inconsciente das escolhas que faz, pior ainda, achando o consumidor que faz as suas escolhas com total liberdade de opção, completamente alheio à força da comunicação social, particularmente aos arquétipos e clichés usados na publicidade. "A publicidade é o revestimento de uma lógica económica insustentável por meio de inúmeros prestígios da gratuidade que a negam para melhor exercer o seu exercício" (LAGNEAU)
A sociedade actual consegue até "vender" a ideia de individualismo, de personalismo e convence cada um de nós da nossa originalidade, negando o condicionamento e obediência aos códigos sociais divulgados/promovidos/ampliados pela comunicação social."tanto na lógica dos signos como na dos símbolos, os objectos deixam de estar ligados a uma função ou necessidade definida, precisamente porque correspondem a outra coisa, quer seja ela a lógica social quer a lógica do desejo, às quais servem de campo móvel e inconsciente de significação. ... A diferenciação pode assumir a forma da recusa dos objectos e da recusa do consumo." (BAUDRILLARD)
A grande perversidade deste sistema reside precisamente no facto de realmente conseguir convencer cada um de nós de uma liberdade e originalidade ilusórias. Apenas mais um dos vários simulacros criados pela sociedade ultra-capitalista. O anti-consumo não deixa de ser consumo: é um meta-consumo. O vestido que não obedece à moda, o carro original para aqueles que estão fora do sistema, o pentedo despenteado, a carteira diferente para quem em um estilo de vida único... O consumidor esquece-se que cada um desses objectos únicos e originais é produto de uma indístria que fabrica biliões de outros rigorosamente iguais a estes únicos.
"As classes médias têm a tendência para consumir com ostentação. Ao fazê-lo dão provas de ingenuidade cultural. Escusado será dizer que por detrás se encontra toda uma estratégia de classe. ... A publicidade sob todas as formas tem como função o estabelecimetno de um tecido social ideologicamente unificado." (BAUDRILLARD)
O sucesso da publicidade mede-se pela quantidade de pessoas que negam a sua eficácia. Quanto mais se nega a sua influência e se reafirma a individualidade mais baixos estão as defesas e os filtros psicológicos e menos imunes estamos à sua forte capacidade de persuasão. Esse é o maior triunfo publicitário: convencer-nos de que somos livres de optar!
BAUDRILLARD, Jean, Sociedade de Consumo
LAGNEAU, G., Faire-valoir

01 julho 2005

Link mitos

mitos




"Ce que je n'aime pas dans l'Occident, c'est qu'il fabrique des signes et les refuse en même temps. [...] de quel droit parlerais-je au nom de la vérité? Mais à battre en brèche inlassablement la naturalité du signe; ça oui!" (Barthes: 1981 p.95) Pode encontrar mais sobre os mitos e a semiótica aqui.
Nas sociedades ultra-industrializadas, em que as novas tecnologias reformulam constantemente a noção do real, a nostalgia retoma um novo sentido, em que a saudade dos mitos antigos e dos signos de realidade levam à substituição dos actos mais primitivos e naturais por paliativos sintéticos que oferecem promessas de verdade, objectividade e autenticidade. Hoje ninguém corre: faz jogging; usa-se o elevador ou as escadas rolantes, mas paga-se no ginásio para fazer step; compra-se louça e roupa "manufacturada" por tribos da Amazónia nas lojas Natura... Os simulacros substituem-se à realidade, numa necessidade urgente dos mitos da ancestralidade. "Les modèles ne constituent plus une transcendance ou une projection, ils ne constituent plus un imaginaire par rapport au réel, ils sont eux-mêmes anticipation du réel" - BAUDRILLARD, Jean, Simulacres et Simulations, Paris, Éditions Galilée, 1981.

imagem de Escher